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quarta-feira, 6 de maio de 2015

Poda de flores

Você é um tom confuso. Ou uma melodia boa encarcerada numa escolha arrítmica de palavras; porque às vezes você deixa um prolapso entre elas.
Você tem uma levada boa. E me faz querer te ouvir até o final. Mas às vezes acho que vai parar a toa. E talvez isso explique porque abrevio uma coisinha ou outra.
Você trava. E daqui eu vejo: é por isso que causa o mesmo efeito em mim. O que mais poderia haver de explicação pra você me deixar assim?
Você faz caminhos próprios. Personalizados. E isso por si já me impediria de entender. Como nas vezes nas quais você não me entende. Como nas vezes nas quais me esforço pra não te ver.

Então, eu deveria preencher o espaço com novidades. Com a maneira como tudo sobre você é desejado por mim. E que erro, meu Deus, que erro é me autorizar a falar de você aqui.

Jardineiros podam árvores e flores. Os caras sabem o que estão fazendo. Nunca vi ninguém se jogar na frente e tentar impedir. Porque, quando a primavera chegar, tudo ali estará replicado em frutos e em mais flores. Mal fará sentido dizer que algo, alguma vez, foi cortado.

Será que é só mais um atestado? De incapacidade, estrita loucura ou de morte? Quem sabe os três, se eu for alguém da mínima sorte.

O que eu deveria: te chamar de todos os nomes que desceram seco até aqui – inclusive, amor? (Podemos tirar, se achar melhor)
O que, com algum bom senso – o mesmo que te acuso de não ter –, eu faria: meia volta, marcha ré, voltar 35 (sic) casas, desligar, fingir, esquecer. Sair. Sumir. Não ficar.
E o que vou fazer: qualquer coisa que te empodere mais ainda de mim e me foda no final.

– ÓBVIO QUE SIM. Palmas! Porque é isso que você é, Amanda da Mata, uma tradução de estupidez. Uma contradição entre repressão e liberdade. Condicionantes e entrega. E, bem, sejamos honestos, então: talvez você se trave sozinha. Talvez você complique mesmo as coisas. Talvez você se detone toda no chão no final por suas próprias mãos. Quem aperta esse gatilho TODAS AS VEZES é você. E esse disparo não é lá no fim, como você bem pode desconfiar. Essa porra desse gatilho você detona em momentos como esse aqui: quando autoriza, quando QUER querer o que não deve, o que não pode, o que está na frente da sua cara patética que não é pra você. Porque você não aceita NADA, exceto sua própria teimosia. Você pede, você clama por algo que arda e te dê o que pensar e que te dê motivos pra viver, porque existe alguma dose cavalar de irracionalidade em você que te fez acreditar que isso é viver. Bom. Tenho uma novidade pra você: você só é otária mesmo.

– Não é que tenho medo, sabe? Porque medo a gente tem daquilo que não conhece ou quando mensura a possibilidade nada remota de algo dar bem errado. E não é isso. Porque não se tratam mais de conjecturas. Eu SEI, com toda carga aquariana e de responsabilização que dizer isso faz recair sobre mim, que VAI dar errado. Ou só não dar certo. (Afinal, o que é dar errado mesmo? E, quando já nasce errado, dar certo ainda é bom ou é dando errado que se acerta as coisas?)

Meu niilismo quase me incomoda.

Mas já sabemos sobre o "quase".

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