Páginas

segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

Como seríamos se fossemos como gostaríamos de ser

Vivemos dizendo às pessoas que elas precisam parar de ser trouxas e passar a revidar todo santo erro do qual saem vítimas. Diariamente refletimos que devíamos ser pessoas piores. Que engolir aquela indireta foi o maior atestado de idiota que poderíamos ter dado. Que manter um relacionamento depois de sofrer tanto é a maior prova de que merecemos mesmo sofrer porque, uau, uma pessoa melhor no nosso lugar jamais permitiria. Pensamos cotidianamente que somos fracos por perdoar aqueles erros que julgamos serem fáceis de evitar. Não raras vezes desejamos ser capazes de não nos emocionar via das lágrimas com cenas bonitas demais ou tristes demais. Exercitamos todos os dias a habilidade de ignorar as mazelas alheias em nome da prevenção das nossas. Hoje, depois de me pegar me incitando estas coisas, me perguntei: por que estou me incentivando a não ser o que eu mesma considero como uma pessoa boa? Perdoar é ruim? Superar uma dor é fraqueza? Não perder o dia pensando numa frase infeliz ou mal dita é defeito? Olha. Não me entenda mal. Não estou dizendo que capacho dos outros é a última moda em Paris. Mas compreender as humanidades, das quais nós também sofremos, é vital. Não estar disposto a seguir a vida e perdoar um erro que lhe dilacerou o peito, nem sequer ao menos querer ser capaz disso, isso, sim, não pode estar certo. Penso eu que estas bagagens são pesadas demais pra serem carregadas ao túmulo. E, no final das contas, somos todos crianças, marinheiros de primeira viagem. Já parou pra pensar que ninguém já passou por aquilo até passar? Você pode ser o pic@ das galáxias e acertar de prima. Mas te garanto que a probabilidade de errar numa coisa que nunca fez é bem maior. Por isso não devem existir erros absolutamente imperdoáveis. Okay, pessoal! Existem os canalhas. Existem os que vão nos fazer de pouca coisa quantas vezes puderem. Mas por que isso significaria viver amargando esse mal-estar pelo resto da vida? Passamos tempo demais aspirando os defeitos que nos machucaram. Talvez na intenção de não deixar que repitam a dose. Mas ser bom é bom. O amor é uma coisa boa -Repito isso como um mantra. Porque, poxa, parece que amar às vezes dói. Será mesmo que não é melhor ser indiferente a tudo? Bem. Para responder esta última pergunta, meu convidado especial é: você. Experimente o deleite de sorrir por amor ao menos uma vez e aí me conte se era melhor mesmo ter sido indiferente.