Você é um tom confuso. Ou uma
melodia boa encarcerada numa escolha arrítmica de palavras; porque às vezes
você deixa um prolapso entre elas.
Você tem uma levada boa. E me faz
querer te ouvir até o final. Mas às vezes acho que vai parar a toa. E
talvez isso explique porque abrevio uma coisinha ou outra.
Você trava. E daqui eu vejo: é
por isso que causa o mesmo efeito em mim. O que mais poderia haver de explicação
pra você me deixar assim?
Você faz caminhos próprios.
Personalizados. E isso por si já me impediria de entender. Como nas vezes nas
quais você não me entende. Como nas vezes nas quais me esforço pra não te ver.
Então, eu deveria preencher o
espaço com novidades. Com a maneira como tudo sobre você é desejado por mim. E
que erro, meu Deus, que erro é me autorizar a falar de você aqui.
Jardineiros podam árvores e
flores. Os caras sabem o que estão fazendo. Nunca vi ninguém se jogar na frente e tentar impedir. Porque, quando a primavera chegar, tudo ali estará replicado em frutos e em mais flores. Mal fará sentido dizer
que algo, alguma vez, foi cortado.
Será que é só mais um atestado?
De incapacidade, estrita loucura ou de morte? Quem sabe os três, se eu for alguém
da mínima sorte.
O que eu deveria: te chamar de
todos os nomes que desceram seco até aqui – inclusive, amor? (Podemos tirar, se achar melhor)
O que, com algum bom senso – o mesmo
que te acuso de não ter –, eu faria: meia volta, marcha ré, voltar 35 (sic) casas, desligar, fingir, esquecer. Sair. Sumir. Não ficar.
E o que vou fazer: qualquer coisa
que te empodere mais ainda de mim e me foda no final.
– ÓBVIO QUE SIM. Palmas! Porque é
isso que você é, Amanda da Mata, uma tradução de estupidez. Uma contradição entre
repressão e liberdade. Condicionantes e entrega. E, bem, sejamos honestos,
então: talvez você se trave sozinha. Talvez você complique mesmo as coisas.
Talvez você se detone toda no chão no final por suas próprias mãos. Quem aperta
esse gatilho TODAS AS VEZES é você. E esse disparo não é lá no fim, como você
bem pode desconfiar. Essa porra desse gatilho você detona em momentos como esse
aqui: quando autoriza, quando QUER querer o que não deve, o que não pode, o que
está na frente da sua cara patética que não é pra você. Porque você não aceita
NADA, exceto sua própria teimosia. Você pede, você clama por algo que arda e te
dê o que pensar e que te dê motivos pra viver, porque existe alguma dose cavalar de
irracionalidade em você que te fez acreditar que isso é viver. Bom. Tenho uma novidade pra você: você só é otária mesmo.
– Não é que tenho medo, sabe?
Porque medo a gente tem daquilo que não conhece ou quando mensura a
possibilidade nada remota de algo dar bem errado. E não é isso. Porque não se
tratam mais de conjecturas. Eu SEI, com toda carga aquariana e de responsabilização
que dizer isso faz recair sobre mim, que VAI dar errado. Ou só não dar certo. (Afinal, o que é dar errado mesmo? E, quando já nasce errado, dar certo ainda é bom ou é dando errado que se acerta as coisas?)
Meu niilismo quase me incomoda.
Mas já sabemos sobre o "quase".