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terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Vinte e oito não

Eu não sei direito qual o lance, não. Não vou querer explicar a parte que eu sei. To meio farta também. De explicar. De explicar não o que você não tem condições de saber, mas o que você já deveria ter sacado nesses aninhos de experiência na Terra. Não sei quanto tempo cê passou em outros planetas e o que eles priorizavam lá. Aqui nesse planeta também não está fácil de sacar o que a galera prioriza. Mas eu. Poxa, cê já tinha condições de sacar o que eu priorizo. Numa troca diária (relação) como a nossa. Mas. Sei. Lá. Cê preferiu desacar. E, bem, cê acabou comigo mesmo. Em palavras fáceis. Hoje quando eu precisei te olhar, eu não pude. Não dava. Parecia que a sua cara não era coisa de se olhar. O cheiro que vinha de você me atiçava, me chamava, me clamava, mas tudo em mim dizia não. Minhas mãos doíam de tanto segurar os toques loucos de tocar você. Quando cê chegou perto. Velho. Deus sabe que quando cê chegou perto meu corpo inteiro parou pra me deixar beijar sua boca em paz. Mas tudo em mim dizia não. E dizia tanto e dizia tão bem e tão alto e tão claro num timbre tão certo que era isso. Acho que esse não, na verdade, era apenas o barulho dos caquinhos quicando no chão e ecoando pelos dias até aqui. Do meu coração os caquinhos. Doeu rude. Cara. Adicione mais dor e despeje aquele pote inteirinho de fermento e não vai crescer o tamanho da dor que me deu. Não te odiei, não. Nem a mim. Nem a ninguém, antes que se suscite. Foi só dor, sabe? Igual aquela dor de barriga que você não sabe a que atribuir já que vinha comendo tudo certo e nada de diferente. É. Às vezes é bagulho de outro dia. Que só foi fazer efeito aquela hora. A gente sabe que não tem a quem culpar. Mas dói. E, mesmo que não haja culpa, responsabilidade ainda há de haver. E foi isso. Deu um desânimo. Um negócio ruim no peito. Uma emoção tola de se culpar coberta de uma verdade suficiente de a culpa não foi sua. Exceto em insistir. Uma mistura de é pra isso que servem as ilhas com sou tão teimosa as placas avisaram. Sei lá, minha parça. Não tenho saldo pra hoje. Só que estamos aí já de quota gasta. Não é que não tem suporte pra merda, pra problema. É que pra uns e outros desacertos a meta já foi, oh, um sem-número-de-fucking-vezes batida.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Passagens

Parada nos semáforos, pelo cruzamento à frente, vejo carros que passam para os dois sentidos.
Fico pensando que esta música não combina com este momento, mas também não posso passar.
Quando o vermelho troca com o verde, o vento invade mais indelicado pela janela e chacoalha meus cabelos para cima. Poetas, se apaixonados, diriam que dançam. Eu não sou poeta hoje.
Encaro atentamente o horizonte buscando qualquer coisa para a qual sempre olhei, mas nunca vi.
Quero ter olhos novos. Ou apenas coisas novas para olhar. Algo que me atrase o sono por um ou cinco minutos. Que me dê sonhos bons. Algo que me importe quando eu passar.

Da minha última viagem

Definitivamente, Amanda, não tem ninguém competindo o Troféu Brisa com você além de você mesma. Porque, pelo amor de Deus, contando ninguém acredita.
Começo a desconfiar que você está levando a sério demais essa coisa de universo paralelo. E, mesmo assim, tudo ainda seria okay se você não o visitasse no meio da tarde, de uma conversa importante ou, apenas e tão somente, ao fazer outras atividades que, diga-se, deveriam ser consideradas de uso cerebral prescindível como locomover-se entre estações de metrô.
Mas. Né. Não.
Não com nossa favorita. Que que isso.
Você ficou todos esses anos idealizando um teletransporte e daqui estou achando que não era mera idealização. Você o desenvolveu, seguramente. Porque, afinal, que explicação se dá para o poder locomotor que se dá para imagens de um passado recente que, escandaliza-se, arremessa-te a quaisquer muito boas lembranças a ponto do desligamento com o mundo concreto e tangível tornar-se regra em tais circunstâncias?
É. No mínimo, preocupante.
Sorte a nossa a sua previdência te salvar das suas presepadas. Muito embora, não tivesse feito qualquer viagem, a uma hora dessas já estaria para onde ainda está indo.
Tsc tsc.