Não tive pressa. Às vezes,
preciso lembrar que ainda não a tenho, inclusive. O que eu tenho: vontade. E
além: querer. Mas em alguns momentos eu fico me perguntando o que teria sido se
você tivesse chegado antes. Se estivesse aqui quando aquele filme estreou. Ou
se tivesse chegado duas semanas antes daquele espetáculo sair de cartaz. Se estivesse aqui quando meus tios se casaram. Se
teríamos viajado, quando a meta era sair. E pra onde teria sido. De quantas coisas teria sido você a
primeira a saber? Quantas despedidas de nunca adeus entrariam na contabilidade?
Faríamos nada juntas por muitas tardes ou, pelo menos, pelas que tivéssemos para
assim nada fazer? Você já conheceria as coisas que estou me esquecendo de
apresentar? Já teríamos ficado bêbadas?
Teria sido você no lugar de ninguém já que, então, o lugar seria seu.
Teria sido você no lugar de ninguém já que, então, o lugar seria seu.
Não, acadêmicos do saber! Não é
um texto de lamentação, saudosismo e correção de memórias. Só não posso deixar
de imaginar o que teria sido se tivesse sido você. Naquele filme, naquele
espetáculo, naquela viagem e no casamento.
É árduo dizer de modo que não
pareça que eu estou te desejando lá atrás e pinçando para fora quem lá esteve. Acontece
que não é disso que se trata. É mero exercício filosófico. Estou me perguntando
o que teria sido.
Sem deixar de acreditar que o
melhor tempo é aquele em que as coisas acontecem. Fazendo, assim, do seu o mais
certo que poderia ter sido já que lá atrás nunca poderia ter sido você.